segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Garotas suecas bordam a moda brasileira


Fica difícil até para quem organiza uma fashion week transmitir a complexidade de estilos, valores e cores que podem ou não traduzir essa época e a intenção das marcas a serem promovidas. De toda forma, uma banda que está agora chamando a atenção (e isso não é de hoje) é brasileira e dizem que se inspirou na jovem guarda e até no Tim: do Lemem ao pontal. E não há nada igual. Você olha e vê tantas cores que poderia parecer com as roupas hippies dos anos 70 , mas não é isso é mais moderno.

As pessoas nas ruas já vestem esse estilo. E de repente você pensa é tão grunge... não, não é só isso! Então é uma banda punk/fofa/simples. E é quase uma conclusão. Eu tenho observado que existe sim um padrão entre meus amigos, colegas e geração (que todo mundo que está vivendo intensamente esse momento) então já traduzo muita coisa. É livre!

Estamos cada vez mais livres. Hoje comprei num brechó uma linda blusinha de viscose e uma blusa de puro algodão. Isso também poderia estar na revista e também nos palcos, a nossa capacidade de misturar as referencias é tão complexa quanto a nossa dificuldade de comunicação. Outro dia ao assistir um show de calouros o jurado disso ao candidato a cantor: você da cintura pra cima é coutry, da cintura pra baixo ou gostaria de tocar pagode ou é punk mesmo. E isso tenho visto nos mínimos detalhes.

O que sobra de legal é fazer um exercício diário de dispensar um preconceito e acrescentar uma informação. Não é para se vestir melhor, porquê isso é só conseqüência, é para dar um tiro no preconceito, fazer o que Eisntein achava dificílimo mesmo. Eu visitei uma amiga esses dias e uma visita me perguntou se eu era goiana então respondi pór que goiana? Ela afirmou que era o meu jeito. Eu disse que meu jeito então seria cearence porque a história da minha família é quase uma diáspora. Todos Vieram do Ceará para o Goiás então nesse caso também sou goiana, mas goiana do quadradinho. Nesse dia eu estava de calça jeans e
Blusa com salto alto também.

Não existe um retrato ou não se fala mais em tendências porque isso é só flash mesmo!!!! No meu guarda roupa tem desde vestidos muito curtos que foram muito desejados no ano passado até blusinhas bem anos 80 de lã colorida. Nós estamos cada vez mais distantes um dos outros em linguagem quando queremos julgar os gostos. Ago Iodice? Você não pode se surpreender se ver por aí um Twinset de caxemira! Então isso não te parecerá brasileiro, mas isso é porquê você não sabe o que é o Brasil Tem coisa que é cafona claro, mas é o momento de determinada pessoa que precisa passar do minimalista para o Pegtop, não se assuste, não se assuste com nada. È tudo uma escolha, um recado, um alô, uma beleza ou um fantasma ou outra aparencia. E é bom lembrar que aparencia vem primeiro não é por último. E ainda por cima é proibido andar pelado...

Depende do seu olho do que tem de compreensível. As roupas conversam alguma coisa, mas o que vem dentro é que é divertido ou estampado ou liso. Oscar Wilde já dizia a primiea coisa que devemos fazer é assumir uma pose, ((assim ficamos inteligíveis)). E quanto mais você gostar dela (da sua pose), mais você está mostrando algo legítimo. Eu espero que em outros séculos, quanto menos fantasia melhor. Mas já começo a entender porque tantos amigos colocam no orkut que estão em outro país. É um fenômeno.

Alaise Beserra
Alaise30@hotmail.com

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O comércio mundial em guerra de valor

Se a Dilma vai mexer no cambio isto é, se haverá um encarecimento do dinheiro ou não, isso realmente não me preocupa. O Estadão está preocupadíssimo, eu não. Fato é que o real está supervalorizado e isso implica em um montão de coisa, por exemplo, em percepção invertida da situação. Os mais conservadores e entendidos em economia insistem que estaria tudo resolvido num modelo clássico: câmbio flutuante (busca de estabilização de acordo com o mercado internacional), metas de inflação (compromisso em diminuir a inflação artificialmente) e ajuste fiscal (medidas de redução do endividamento). Esse é o conselho da turma do contra e não é seguido.

De todo modo, muita coisa foi feita nesse governo para o crescimento da economia. Mais do que promessas. Não só podemos observar uma melhora no orçamento do governo (digo no direcionamento dos gastos) quanto no andamento do comercio em geral. A Guararapes Confecções, que controla a Riachuelo, anunciou ter alcançado um aumento 23% nos lucros nos últimos 3 meses se comparado ao mesmo período do ano passado. Quer dizer que as pessoas estão comprando mais roupas.

Enquanto as pessoas querem comprar os países estão querendo exportar! Com o nosso consumo interno está tudo bem, ou está tudo caminhando. Com o comercio exterior está tudo cada vez mais dependente do movimento dos chamados países emergentes. E o Brasil é um deles, um dos que também quer vender. A chamada guerra cambial está ficando séria, mas essa não seria a única coisa para ser esclarecida ao mundo e aos brasileiros: a política de preços que prejudica o Brasil. Lula e suas impagaveis falas, no encontro do G20 realizado na Coreia do Sul ,perguntou: se todo mundo quer vender e ninguém quer comprar como é que fica o Ceará? Acho que ninguém soube traduzir.

Alaise Beserra
alaise30@hotmail.com

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Receba uma fração de fortuna pagando aqui

Muitos são os livros que prometem relatar os passos para o sucesso, todas na prateleira da auto-ajuda, ensinando a receita para juntar o dinheiro que for preciso para realizar o projeto dos seus sonhos. Um deles me foi apresentado (ironicamente) por uma colega de trabalho. Eu li e acho que sou sim um deles. Um dos tipos de mente (ou de investidores) que o autor T. Harv Eker descreve em "Os Segredos da Mente Milionária".Um livro mal escrito ou mal traduzido, mas com conselhos que podemos levar a sério. Segundo ele, a mente milhonária não pensa em emprego mas sim em ter uma empresa.ok. Todas as revistas de finanças dizem a mesma coisa e até ensinam como montar o primeiro negócios com o velho conselho, poupe sempre. Possivelmente estou ainda longe de atingir o topo da roda, mas espero pelo dinheiro trabalhando e pensando 5 anos, 10 anos à frente.

No livro "20 lições essenciais para ser um investidor de sucesso", Editora Letras&Lucros. Afirma-se que o brasileiro se acostumou com o retorno médio de 1,72% (na última década) o que tem sido, como sabemos, a taxa média do CDI. Isso para depois ressaltar que hoje a situação melhorou e que o brasileiro "terá que buscar aplicações de maior risco", não sei não! Acho que depende do perfil. O Lula disse em 2005 que o povo (todos) reclama toda noite dos juros pagos e não faz nada para mudar. Não levanta para buscar um banco mais barato. Esses dias assisti uma palestra numa corretora de seguros e o tema era esse; finanças pessoais, como organizar a sua vida! O evento era de graça, num shopping, mas a platéia era pequena. Eramos no máximo 16 pessoas. Lá eles nos mostraram uma tabela que faz mágica com juros compostos. Eles montam um cálculo maluco onde (de fato) provam ser possivel conquistar um milhão em 10 anos, ou antes, dependendo apenas da sua capacidade de "brincar" na bolsa de valores. Saí de lá desconfiada. Eu penso tanto em dinheiro e tenho medo de perder dinheiro.

Só "jogo" dinheiro na poupança. Isso quando eu jogo. De acordo com a XP Investimentos , a poupança é para o investidor mais conservador. Então eu aproveitei para questionar se existe investimento totalmente desaconselhável. E pude perceber que eles estão ali para defender a Bolsa. Esse assunto está na mídia pelo menos desde 2006. Todos resolveram exaltar a importância de investir na bolsa de valores. E o serviço desse tipo de empresa é VIP. Você ganha um assessor de investimentos exclusivo que te guia e te diz exatamente o que você deveria saber fazer sozinho. Mas eles também ensinam, claro, através de cursos. Quando eu perguntei se existe um tipo de investimento totalmente-furada o facilitador me devolveu "Não tem nenhum não". E continuou, oportunamente, sua defesa. "Se você procurar o nosso serviço, certamente terá lucro". Sim, claro, uma típica resposta-publicitária. Tudo certo. Um dia, quem sabe. De toda forma não vejo outra forma de ganhar dinheiro: merecendo. Ou seja trabalhando, se atualizando, inventando uma nova profissão e de vez em quando, parando de gastar. Nunca tive nada contra o consumo... Mas tudoi que é demais, é demais! Se você tem 30 anos, poupe 30% dos seus ganhos anuais, aconselha a XP investimentos. Eles são otimistas. Eu me lembrei daquela música do Plebe Rude, sabe? Tanta riqueza por aí e onde é que está? Cadê sua fração?

alaise30@hotmail.com

Alaise Beserra

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Destruição e novo mercado de carbono

Falta planejamento. E isso temos ouvido e lido nos jornais não só depois da "tragedia das chuvas", mas também antes. Agora, entre tantas discussões verdes e soluções ecológicas para problemas poluidos ouvimos (e lemos nos melhores jornais) algumas palavras em defesa do crédito de carbono. Não temos tempo. Dizem alguns! Temos todo o tempo do mundo, gritam outros mais românticos. E assistimos "Avatar" e discutimos o meio ambiente nos fóruns e nos bares. Temos muito dinheiro.

Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões podem reduzir a emissão de gases. Eis a garantia. É tudo uma questão de crédito. Toneladas de dióxido de carbono (CO2) correspondem a um montão de "crédito de carbono". Comprar créditos de carbono no mercado é necessariamente negociar. Para quem emite, comprar no mercado também significa obter um desconto sobre a multa e assim seguem-se acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto. Que não salvou o mundo, mas deu o que falar e sobre ele falamos e fazemos planos até hoje.

Os países criam leis. As leis restringem as emissões. Os donos das empresas mais poluentes se defendem. E desse modo, aquelas indústrias que não atingem as metas de reduções de emissões, tornam-se compradores de créditos de carbono (elas mesmas). Então, se elas conseguiram diminuir suas emissões, podem vender o excedente de "permissão de emissão" no mercado que quiser. Todos os países desenvolvidos gostaram da idéia. E vão, como queriam, estimular a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa em países em desenvolvimento através do mercado de carbono. Isso será o começo do fim da perturbação aos donos de grandes grupos que precisam de matérias primas naturais.

Quando pensamos no PIB do Brasil em 2009 (8º maior economia no ranking mundial) ficamos bastante animados. Enquanto o greenpeace diz não ao desafio bilionário da construção da hidrelétrica de Belo Monte no Pará, Rio Xingú, seus defensores garantem que o Brasíl passará a importar bens e serviços e isso nos ajudará a crescer. Então o país se abre para "novos empregos no exterior". Alguém já viu esse filme antes? No Brasil temos mais de 300 hidrelétricas. Temos usinas a té na Amazônia mesmo. Detalhe, pelo sim ou pelo não, a população indígena está aumentando de tamanho. Mesmo assim, indios estão perdendo emprego e se não estiverem juntos ao discurso da Funai ou no próprio governo eles fazem documentos e imploram por espaço
ainda hoje, eles querem paz. Todos querem paz aliás, até onde eu entendi.

Que a paz venha. Sobre dinheiro não teremos o que reclamar. Não importa a legenda em 2011 teremos uma (já prevista) multiplicação da economia. Fazer uma usina não é fácil, nem barato, nem só caro! É, óbvio, estupidamente fabrica consigo os devidos impactos ambientais. De todo modo é de paz que eu estava falando e é de paz que precisamos, mais até do que de usinas. Alguém precisa comprar os créditos de carbono. Alguém precisa limpar a atmosfera. Alguém precisa dizer sim. Alguém precisa dizer não. Alguém precisa acreditar. Alguém precisa destruir o lixo ou reciclar. Se a nova economia for mesmo verde, até a moda será. Então eu pintarei o meu cabelo de verde também (como a Mari da MTV). Mas, por enquanto, ficarei de olho nesse tal crédito. Com quem está o crédito afinal? Sei que não está comigo.
Alaise Beserra
alaise30@hotmail.com

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um simples Valentino muda tudo

Sabem? Um Valentino? É sim alguém valente, forte, corporalmente treinado. É simples, mas não por isso pouco sofisticado. Na história da "idumentária", ai que palavra enfadonha. Tédio grande, mas isso se remonta aos sumérios e aos egípicios, na antiguidade, claro e nem é isso que me interessa. Apenas me interesso pela loucura da mente de doidos como um tal de Marco Antônio (professor no IESB) que foi curador de uma exposição no Espaço Cultural Contemporâneo (ECCO), e que ao abrir o chamado " ENTRE O TEXTO E O TÊXTIL" cantou para uma plateia de gente careta como o Paulo Otávio e seus amigos de infância (é verdade eu vi) um Hip Hop tântrico ???!!! Repetindo incontaveis vezes ao balançar-se como o próprio Elvis cantando " do nú ao invólucro, do nú ao invólucro, do nú ao invólucro ,do nú ao invólucro, do nú ao invólucro. Ninguém entendeu nada, mas eu entendi. Eu era a assistente da Karla Osório, provavelmente uma das mulheres mais bem vestidas de Brasília, e sabia que estavamos servindo bebida à à la vonté! A recepção era especialmente para aquele tipo de convidado (abril de 2008)!

Como boa menina moderna estou mais concentrada no século XX, época que nasci e mais ainda no XXI época que morrerei. Embora possa entender o mundo ao menos do século I até o VII e depois somente do XIV ao XIX, observando sempre a mim mesma que essa maquina do tempo é só intelectual porquê ninguém sabe nada mesmo. Nem Sócrates sabia, ora, veja bem, apenas imaginamos. E nisso os livros ajudam muito. E já posso me sentir envelhecendo à passos largos quando converso com a minha prima Sarah Marlier de apenas 5 anos para descobrir que as escolas não alfabetizam mais na cartilha do abc, alguém aí me entende? Ela me disse "Na minha escola só tem computadores". E se orgulha disso, claro a escola é cara e ensina até coisas sobre a contaminação pelo H1N1. Sarah se veste como uma princesa e quer ser bailarina. Ela já é! Aliás ela também se aprensenta, mesmo com apenas 5 anos e mesmo sem saber a diferença entre filo, organza ou gazar.
As crianças estão mesmo muito sofisticadas hoje em dia. Algumas podem se ensoberbecer assim "Meu nome é Valentina" algumas poucas e privilegiadas. Contudo, Priscilas, Camilas, Marcelas, Anas, Sandras, Daianas, Julianas (essas são chics), Déboras, Robertas, Lilians, Dandaras (estranhas e marcantes), Elisas, Luisas, Carolinas, Renatas, Verônicas, Raianes, Luanas, Carmelas. Nem importa o nome delas, especialmente em Brasília, estão ficando mais valentinas. Estão mesmo. É algo mais delicado, é refinado, é prático e ainda sobre tudo é moderno e combina com esse século.

Tendo nascido na Itália na década de 30, Valentino Clemente Ludovico Garavani foi cedo para Paris. Mesmo com esse elegante sobrenome, manteve a fama com o primeiro nome. Coisa para poucos: Madonna, por exemplo. Que aliás é Louise Madonna. Valentino vestiu Elizabeth Taylor, Jackie Kennedy, vestiu também Aristóteles Onassis (uau!), vestiu todas as figuras que influenciaram os estilistas que vieram depois dele, o que não é pouco. E continua vestindo. Se você não tem um vestido dele no seu guarda-roupas é porque ainda não prestou atenção. Embora sejam peças caríssimas e nem todos possam mesmo pagar por elas, ainda estamos sim apegados aos referenciais dos anos 30. Eu poderia dizer que o "doce da vida que escorre pela boca feito um doce" da rainha Xuxa, veio pelo "doce" de Alister Crowlee que também passou pelos anos 30. Entendo que ainda vestimos o jeans da década de 70 e sei que o prêt-a-porter reina.
Sei que podemos comprar um batom Helena Rubinstein, podemos desejar um óculos Christian Dior, podemos nos sentir "On the Road" com uma sandália da Vivienne Westwood tão punk e tão linda. É. Nós carregamos todo esse "avant-garde" dos pés aos cabelos. E se André Courrèges lançou qualquer “look espacial” naqueles anos dourados então podemos imita-lo mesmo hoje. E, às vezes, vamos parar na hostilidade dos anos 40 vestindo tecidos pesados e resistentes. É quando estamos num momento menos jovem e mais "velha troll" mesmo. É claro que podemos também voltar ao inicio do século XX, na década de 20 e encarnar o estilo jazz-bands das melindrosas, afinal elas eram as "modernas pioneiras". Elas começaram, Coco Chanel, com seus cortes retos, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos, apenas continuou. Mas vejam, procurem analisar: estamos voltando aos anos 30. Mesmo as mais modernas e até as mais minimalistas. Nós que gostamos de Sex Pistols, ouvimos Chopin Sonata número 2 ou ainda “The Cranberries” ou quem sabe Elis e até Fabio Junior (nos momentos mais bregas), mas também R.E.M. (eu adoro) e mesmo Cartola, para depois delirar com Beth Carvalho ou com qualquer um que grite e sopre nos nosso ouvidos loucos aquela carta “Tava com cara que carimba postais”. Eles nos deram um susto. Nós voltaremos ao esteticamente 30, a década da arte do Valentino. E isso será talvez a volta do que há de Alice em nós. E viva Tim Burton. Não é o melhor figurinista, nem o melhor diretor, mas ao que parece... entendeu tudo.

Alaise Beserra
alaise30@hotmail.com

quinta-feira, 25 de março de 2010

Quem engole um cargo padece de indigestão

As instituições educacionais, especialmente as públicas, estão diante de um problema muito grave. Algumas das pessoas que ganharam funções relativamente grandes dentro da hierarquia do executivo, a exemplo disso qualquer coordenador de uma escola pública, pode tornar-se o pior exemplo para os seus “subordinados”. Porque quem chega nesses postos (qualquer posto), sem ética, sem conhecimento de causa, sem instrução ou mesmo sem equilíbrio, pode até desejar não apenas mandar, mas humilhar, destruir, prender, e em última instância fazer algo ainda mais estúpido ou criminoso. Ontem (25 de março) eu senti esse risco de perto. Tinha apenas combinado de me encontrar com uma amiga que estuda Centro Interescolar de Línguas de Brasília (CIL) ligado ao Elefante Branco e ao encontrar a porta aberta no andar debaixo e depois subir, procurei saber na guarida se as aulas daquele horário estavam no fim e o guarda me permitiu entrar. Logo alguns dos coordenadores e ou professores tentaram me ajudar e me disseram qual era o número da sala que eu poderia encontrar minha amiga.


Mas logo uma das coordenadoras, que estava muito irritada, me seguiu e me exigiu que eu me apresentasse na sala dela. Então eu respondi que não, eu estava com pressa e só queria mesmo aguardar a minha amiga numa sala de espera. Foi aí que tomei um susto, pois não era só isso! Ela queria me dizer que era uma autoridaaaaaaaaaaaaaaade e que ela mandava em todos ali e queria muito, muito mesmo conversar comigo. Mas não era uma pessoa querendo conversar comigo, mas parecia alguém querendo me algemar. Talvez seja melhor mesmo termos conquistado a proibição de armas. Uma pessoa, seja autoridade ou seja poder político ou administrativo, por menor que seja pode fazer estragos que atingem todos à sua volta.

E essa coordenadora do CIL de Brasília estava a ponto de me bater quando insistiu que queria conversar comigo. E eu despreocupada e distraída respondi que não era necessário. Até entendo a fúria dela a vontade de chamar atenção e mostrar quem ela era, ora, não se tratava mais de me identificar, mas se tratava de fazer um discurso vitoriano, teatral de alguém que sabe gritar e ganhar o silêncio de uma platéia assustada e atônita. É uma fraqueza, resultado de uma carência, emocional, social, talvez sexual, mais evidentemente política e até mental. São os pequenos burgueses amantes da soberba. Essa tendência para a arrogância é o grande risco. Esse princípio pode levar qualquer um para qualquer atitude injusta e depois para o próximo passo, a corrupção completa em nome de ninguém mais porque nesse estagio “os fins já justificam os meios”. E isso é maldoso.

No meu caso a minha audácia vai só até onde a lei permite. Como cidadã estou sempre no meu direito de ir e vir. E se conheço a constituição não temo autoridades pelo contrario eu me sento com elas eu posso conversar e respeitar e ser respeitada. Posso até tentar ser bastante humilde com pessoas que estão em crise histérica ou obedecer o velho conselho, " Para que um louco não se enfureça, não tente contrariá-lo, só tente imitá-lo. " A palavra “arrogantia” do latim ‘insolência, orgulho, presunção’, parece “tentar” metaforicamente os que ainda não aprenderam a ser pessoas nobres mas já se acham nobres. Eles estão tão enganados que acabam por fazer o contrário.

Essa moça que me parecia menos instruída que os professores e pessoas subordinadas a ela (que também ficaram assustados) não me disse quem ela era, nem me perguntou como eu consegui entrar no prédio do CIL de Brasília. Perguntou se eu entendia onde eu estava. Então eu respondi que estava no Elefante Branco, mas ela ainda mais cheia de raiva, me respondeu que aquilo era uma escola de línguas. Eu sabia sim. Quem não conhece o CIL? Mas comecei a me calar e tentar entender o que ela queria de mim. Ela disse que queria conversar comigo e que eu deviria apresentar a identidade e segui-la até a sala dela. Mas a cara era de quem queria, no mínimo, me algemar! Isso chamou atenção de alguns alunos e professores que logo formaram uma roda perto dela e de mim sem compreender nada. Eu pedi à minha amiga, vamos embora? Infelizmente, ela estava com medo. Eu desafiei que medo é esse? E pedi socorro a um professor perguntando: será que não posso ir embora? Então é o caso de pedir um Hábeas corpus!!!

Mas ele que é um subordinado a ela, que me conhece de muitos “carnavais” e que mora inclusive perto da minha casa, me convenceu que eu mostrasse a identidade. E mostrei. Isso não bastou para ela não. Ela levou o professor, a minha amiga e eu para uma salinha, a sala é tão interessante que tinha até uma ilustração de um dos meus artistas preferidos, Norman Rockwell, que provavelmente ela não conhece a não ser de forma muito rasa. Então eu pedia para ir embora. E dizia, agora está tudo bem, é só isso, não é? E ela continuava aborrecida nos mantendo presos naquela sala.

Decidiu que iria chamar um batalhão pra mim. Claro, o autoritarismo tolo e rancoroso não consegue respeito, só consegue ameaçar. Foi aí que o professor começou a tremer e minha amiga a tentar me manter calada e rendida. Acontece que eu não me rendo. E tentando ser até branda em minha pergunta disse que talvez, se fosse o caso, ela poderia revistar a minha bolsa. Mas isso ainda não bastou, ela queria uma cena maior, queria ser não só um personagem de um desentendimento, mas estava disposta a pagar ou patrocinar os aplausos.

Tinha chegado aos pensamentos mais megalomaníacos e julgou que eu era “apenas” uma universitária arrogante. Ao que expliquei que não, não eu já estava formada em graduação. De todo modo ela se sentiu intimidada e perguntou, você se acha melhor do que eu, eu tentando ser paciente e calma disse que não, que só estava no meu direito de ir e vir e tinha um compromisso e por isso tinha sido tão displicente no inicio, uns 45 minutos antes. Mas queria assinar qualquer coisa e ir embora. Ela não permitiu. E chamou o batalhão, (pessoas que costumo achar que são bravas), mas que para a minha surpresa entenderam logo a confusão. E queriam me liberar, mas ela não estava satisfeita. Mandou que levassem minha identidade, queria cópias para “os autos”. Quer me processar e me ensinar o que é uma “autoridade”. Meu crime seria o "desacato"...

Nesse momento eu fiquei mais tranqüila. Agora eu estava mesmo bem, apesar de indignada diante de um dos professores de inglês mais interessantes de Brasília. Pessoa muito querida e responsável. Ele tentou me ajudar, me repreendendo. Pior é que estava também sendo vítima de uma cena ridícula, demorada e até deprimente. Ele tem muitos amigos, é maduro e de certo modo popular. Poderia passar de professor à ministro da educação em poucos meses ou anos. Ele entendeu tudo e até disse algumas coisas que me fizeram ficar mais quieta, claro. Onde poderíamos chegar com aquela discussão? Ele viu que a minha coragem podia provocar a ira mais doente dela, nem sei o nome dela. Não quero saber, nem os alunos sabem, depois confirmei que poucos sabem quem é ela. Porque "ela" se acha o cargo. Adora o cargo e provavelmente procura conhecer verdadeiros adoradores do cargo. Eu não gosto da ética dessas pessoas brutas e sem refinamento. Falam inglês, falam português, francês mas para se dedicar apenas a uma linguagem do “eu tenho, eu mando, eu posso te fazer abaixar a cabeça”. No entanto nem isso conseguiu de nenhum de nós. Não me intimidei. E ela vai mais longe para tentar. Me ameaçou e prometeu me processar por desacato de autoridade. Ela que decorou a palavra autoridade sem se atentar para o dever da razoabilidade. Não discuti mais.

Assinei a ata com a observação de que sei sim quem ela serve. (Nem ela sabia). Tive que explicar que escolas estão ligadas ao Ministério da Educação e consequentemente ao executivo, que por sinal é governo. E informei afinal que não só li a constituição, como é sobre ela que eu estava falando naquele momento. Não devo, não temo, não brigo e se quiser eu explico. Posso me explicar sempre. É uma pena que ela me fez perder um evento importante, que não pude ir e isso é muito grave, uma questão juridica. Por outro lado, ainda mais grave que isso é que as escolas estejam cheias de pessoas sem mansidão ou noções básicas de pedagogia. Quando o “batalhão", de 4 homens, me liberou ela ainda queria “conversar comigo”. E disse, muito violentamente, “me admira que você seja uma jornalista. Você não viu que aqui temos grades? Você não viu que numa escola nem todos são bem vindos?”.

E sabe, quando você já está atrasado? Você se acalma. E nesse tenso momento quase toquei Raul , ao vivo. Poderia, chocada, até cantar, (e quase cantei ); eu nasci há 10 mil anos atrás ... e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais... Mas preferi tentar não estragar mais nada, chega de ser audaciosa. Somente devolvi a admiração. Também me admira “muito” que uma educadora, que leu Paulo Freire, consiga ser tão agressiva e cheia de ira”. E fui embora. Finalmente! Até perdoei tanta carência de atenção, tanto fel, tanta incapacidade para o diálogo. Era só despreparo mesmo. Eu não tenho medo dos arrogantes, minha mãe não tem, meu pai também não, minha avó menos ainda. Nossa geração (nascida na década de 80) não tem mais medo da palmatória ou da colher de pau da ignorância ingênua e imbecilizada pela falta de leitura dos seu próprios códigos de regência. Temos no máximo, respeito e amor. E vejo alguns de nós dispostos ao desafio de um cargo público. È um serviço sério e importante, embora possa ser um passo largo para caminhar na fogueira das vaidades. É o risco que se corre. Essa mulher tão desconhecida, se acha mesmo poderosa e caiu nessa vã percepção do seu próprio papel. Ela visivelmente sofre com isso. É uma pena. Essas pessoas são aquela pedra no meio do caminho. Mas não esqueça quem você é meu caro leitor. Se você sabe quem você é, está tudo resolvido. A cabeça se mantem erguida e serena.

Alaise Beserra

domingo, 21 de março de 2010

Eleições no Brasil: votos para o mais "de deus"

Entre tanta publicidade desnecessária para a candidatura da Dilma (PT), de um lado, e tantas questões políticas a respeito da possibilidade de eleição do Serra (PSDB), de outro, tenho observado o quanto a vitória da candidata do Partido Verde (PV) seria interessante do ponto de vista cultural porque ela tem, em essência, o perfil do brasileiro. Tem a posição do partido que escolheu, tem uma característica muito própria que é a clareza de idéias (coisa rara de se ver na política) e somado a isso; uma capacidade de atuação muito forte.

A história da Marina é pouco conhecida e é uma biografia de muito esforço próprio e muito crescimento, mas não é sobre isso que eu quero falar. Sem essa de “ela merece chegar lá” porque não se trata disso. É que ela sabe o que fazer. Ela tem programa de governo, preocupação com educação, saúde, política externa e planos sólidos para um enriquecimento do país que pode gerar trabalho e empregos de forma intensiva desenvolvendo novos setores da economia.

Então, “para não dizer que não falei das flores” o pensamento dela é verde. Isso é claríssimo. Marina Silva tem se destacado como uma personalidade que defende um Brasil ecologicamente sustentável e isso até a imprensa percebe. Mesmo assim, injustamente, muitos jornalistas rasos e mal informados vêm repetindo que ela é a candidata de “uma nota só”. Acontece que o coração (sabe? A mente, a intenção e projeto dela) não está na Amazônia, nem no Acre, nem no legislativo, nem no executivo, nem no poder, nem no Partido dos Trabalhadores, nem no Partido Verde ou sequer no discurso ecológico.

O entendimento que essa brilhante mulher tem dos problemas do Brasil é realmente profundo. A vontade que ela tem de orientar os brasileiros, seja os que estarão na cúpula do governo, seja o próprio povo é de uma humildade impressionante. E sei disso porque uma vez consegui uma entrevista com ela que acabou sendo bastante longa. Nessa época eu trabalhava numa TV e nem sabia que ela viria se tornar candidata à presidência da república, mas provoquei dizendo que gostaria de votar nela. Muito depois descobri que meu tio, também jornalista (Zacharias Bezerra) muito envolvido com as propostas da chamada Agenda 21 também votaria nela, em seguida descobri que uma colega de trabalho, que é filiada a outro partido (do Ciro Gomes) também resolveu votar nela. Hoje vejo que todos os meu amigos também estão com ela. Meus pais e quase todos que eu conheço. Nessa trajetória de descobrir tanta gente que me garante que quer eleger a Marina não sei mais o que pensar das tendências de campanha. Então me pergunto, será que ela tem chances reais ou sou eu que estou sonhando alto, apenas porque ela é minha favorita? E será que o teremos um resultado no primeiro turno?

Então, recentemente conheci uma atriz muito cheia opiniões sobre a política brasileira. Me atrevi a perguntar em quem ela votaria. Ela me disse: Marina! Eu respondi um sorridente “eu também”, ao que ela acrescentou: e a Marina é uma mulher de Deus. Isso também me fez concluir que essa é uma observação muito brasileira, mas muito brasileira mesmo. Eu expliquei a essa atriz que apesar de não ter uma fé religiosa eu enxergava na Marina uma pessoa de ética. E pensando mais além ainda, me lembrei que apesar de estarmos em um país constitucionalmente laico, o brasileiro é particularmente monoteísta! Podemos até somar: Católica Apostólica Romana 73,6 % Protestantes 15,4 %, Espíritas 1,3 %. Isso sem contar muçulmanos e neo-cristãos de todos os tipos, o que me faz até perder as contas diante das estatísticas confusas do IBGE.

Parece haver uma certa coerência do ponto de vista eleitoral. Dizem que o brasileiro vota na personalidade política e não no partido. E um eleitorado que acredita em “Deus” tende a escolher uma pessoa com atitudes de “Deus”. Contudo esse raciocínio não pode ser tão exato porque jamais existiu tempo para que o grande público entenda as concepções de crença, descrença ou filosofia de vida de seus candidatos. Isso vai ficando oculto. Nenhum bom político sai revelando sua religião ou contrariando grupos e instituições sociais. Todavia, cada político, antes ou depois da eleição poderá ser visto em toda e qualquer roda, aparentemente conivente com todos os tipos de pensamentos.

Afinal, em que cada presidente acreditava? Em que? No milagre econômico? Nas indústrias da Ford? Na Petrobras? No padre da sua cidade natal? No Papa? No Dalai Lama? Na felicidade geral da nação? No cotidiano dos eventos políticos não olhamos para esse pequenos detalhes. A história se encarrega disso, mas os jornais não nos deram esse tipo de informação. Assim como os jornais não entenderam (ainda) quem é Marina Silva e o quanto ela é firme nesse tal “ethos social”. É a imagem daquela velha fusão ação/discurso. Princípios simples. Princípios claros. Certamente, se você pudesse mesmo conhecê-la, notaria tudo isso com facilidade. Segundo o dicionário Michaelis, ‘princípios’ são “regras de (boa) conduta pelas quais alguém governa as suas ações”. É aquilo que fica incrivelmente notável em qualquer decisão. O que é a política senão a arte de decidir e influenciar, influenciar e decidir? Ops! Está chegando a hora. Estamos mesmo próximos da decisão. Ao mesmo tempo, ainda estamos em águas de março. As eleições serão na primavera.

Alaise Beserra

domingo, 14 de março de 2010

O frágil fogo imaginário: apague agora mesmo

Foram algumas semanas sem escrever, mas voltei para comentar um assunto muito sério que voltou ao meu pensamento após algumas novas leituras. Assunto sério e um destino ainda muito temido: aquele malvado castigo eterno. Sobre ele todos já, de alguma forma, ouviram falar. Ainda muito pequena eu aprendi a temer essa maldição e vejo muitos adultos (meus adultos, quase todos que me cercam) que insistem em guardar certezas inabaláveis de tal existência fantástica e impiedosa. Podemos observar que o inferno é esteticamente diferente para cada época, religião e ganha interpretações que se divergem mesmo entre o próprio cristianismo.

Na mente ocidental mais ingênua e clássica uma fogueira interminável com “diabos-chefes” atormentando incessantemente seus habitantes para “sempre” é o retrato mais fiel do lugar reservado aos que não foram salvos. Contudo, alguns “papas” introduziram também a idéia de um pré-inferno, esse sim passageiro e mais brando em seus sofrimentos que apesar disso não depende do condenado para acabar e sim das preces recebidas. E é exatamente essa idéia de purgatório que foi rejeitada por Lutero (século XV) que acabou por protagonizar a reforma protestante. Para um Luterano, o inferno é apenas um estado de espírito no qual existe uma ausência absoluta de Deus. Por outro lado, para Santo Agostinho (século IV) a experiência é mais cruel. Ele entendia que o fogo penetraria sob a pele das almas de forma material, mas sem nunca se consumir e ainda acrescentava a essa sentença detalhes sórdidos como a presença de vermes e serpentes que estranhamente penetram em seus corpos “até as medulas” e estarão neles passeando de tal forma que “um mergulho na cratera de um vulcão poderia ser até um refrigério”.

Mas essa idéia de calor intenso nem sempre foi a única afirmação sobre “o futuro dos que não foram aceitos no céu”. Há também a concepção de um inferno oposto, onde todos sentem muito frio! Para os nórdicos o inferno é gelado. Há também por aí, muitas descrições (século XX) de pessoas que dizem ter “descido” em sonho ao inferno e escrevem livros (estúpidos, rasos e não recomendáveis, mas que eu já li...) que dizem, por exemplo, que o inferno também seria um monstro e seus moradores andam de uma parte a outra dentro do corpo da criatura sentindo seus odores fétidos e agonizando em meio ao cenário opressor com barulhos horríveis para resto de seus dias que jamais terão fim.
Também encontra-se na literatura descrições de mergulhos em sangue e outras formas de tortura. Nas referências islâmicas (século XII) podemos encontrar relatos sobre correntes que arrastam seus presos pelo pescoço para que “os renegadores da fé” passem por um quase enforcamento bastante doloroso. Isso está escrito em Alcorão 73:12-13. No inferno pagão descrito pelo poeta Homero (século VIII a.C.), as acusações feitas aos maus homens bastavam para que sentissem em seus corações as amarguras de reconhecer a inutilidade de seus erros mais severos. Os Deuses permitiam que os mais arrependidos e lamentosos ficassem abandonados às incessantes agonias trazidas pela própria razão. No entanto, aos mais embrutecidos, reservavam-se infinitas atividades infernais.
É fácil perceber que todas essas elaborações não passam de uma sombra do que é possível imaginar de degradação humana na terra. Não há um outro mundo, não há outras formas de castigo que não aquela que é concebível para esse planeta. Ops! A não ser para os hindus... Até aqui eu estava falando desse lado do mundo, da nossa cultura, mas para as escrituras védicas são muitos outros mundos. Muitos céus, muitos infernos, muitas formas de vida (inclusive extraterrestre e na terra também temos seres desconhecidos, seres encantados e cada ser é uma alma), então existem aqueles lugares que são lugares de muito sofrimento e pouco entendimento “das coisas superiores” e (quem não diria?) a terra é um deles! Uau. Isso me lembra a musica do Caetano sobre o Haiti. Mas, segundo o movimento Hare Krishna (século XIX), todos esses lugares são passageiros porque estamos sempre renascendo e tendo a chance de evoluir e chegar à perfeição. Eis aqui a única e última palavra que liga todas as idéias de deus e de salvação e de inferno que eu tenha compreendido.
Parece que para todas as crenças esse é o objetivo: atingir a perfeita forma de vida. E o que vem antes de se chegar lá são formas de ilusão, de engano, de pecado, de deturpação, de imitação, de vaidade, de cansaço, de infelicidade, de impureza, de ignorância, de escuridão, de afinal, imperfeição em maior ou menor grau. Encontrei apenas uma religião para quem todos esses infernos se convertem em mentira. São os Testemunhas de Jeová (século XIX). Para eles não há castigo eterno. Deus é realmente bom e fará com você o que você pedir. Todos poderão escolher entre a vida eterna na terra, a vida santa no céu, ou ainda, como terceira alternativa, a interrupção da consciência que seria o verdadeiro significado do castigo do “Hades”: o fim de quem não quer viver para sempre. Eu que sempre quis ser Highlander e nunca acreditei que deus fosse injusto só posso concluir que, se ele existe, não vai me me torturar e nem permitir que isso aconteça com nenhuma das suas criaturas, especialmente não para sempre. Se já nos basta as frustrações desse mundo from hell, piorar não pode ser. Minha opinião: inferno é coisa que colocaram na sua cabeça. Melhor não levar ao pé da letra e não repassar a lenda adiante. Quantas crianças seriam poupadas?

Alaise Beserra
Alaise30@hotmail.com