quinta-feira, 28 de julho de 2011

Lama Dorje está na cidade

Manifestações budistas já são bem conhecidas do brasiliense. Lama é um título dado, no budismo tibetano, a um professor de darma. O nome é similar ao termo sancrito"guru",enfim um monge que tem conhecimentos tântricos avançados, para indicar um nível elevado de realização espiritual. O Lama Dorje que foi consagrado por Dalai Lama após passar quatro anos em total silencio, nasceu no Nepal em 1979. Com cinco anos de idade entrou para o mosteiro para aprender filosofia do budismo Tibetano.
Ele está apoiando o instituto Condor Blanco no Chile e no Brasil. Cóndor Blanco é uma organização que oferece formação de lideres. Eles prometem desenvolver no individuo capacidades de enfrentar todos os desafios modernos. Seus cursos incluem coaching, meditação intensiva, danças, fotografia, marketing, bodisatva (prática espiritual para remover obstáculo), Sámkhya, (uma das muitas formas do yoga), numerologia, práticas de ecologia, natural detox vital (desintoxicação do corpo), Bardo Fénix (especie de treinamento para passagem), e Nyma Project (com o objetivo de criar música).

Com a presença de Lama Dorje, algumas dessas atividades estão acontecendo e incluem também pintura em mandalas, oráculo de Padmasambava, consultas medicas e até a tradicional "Cerimônia da Abundancia Tibetana". As inscrições podem ser feitas pelo telefone 96 446044 com Monyeitan ou pelo e-mail monyeitan@yahoo.com.br. Em Brasília temos muitas correntes budfistas: Centro Budista Tibetano Kagyu Pende Gyamtso (Sobradinho), Centro Lamrim (Asa Norte), Centro Zen do Planalto (Fercal), Chagdus Gonpa Padma Ling (Setor de Radio e TV) e Templo Budista Hongwanji (meu preferido que fica na 315 sul). É bom lembrar que está chegando a "38 º Quermesse do Templo Budista de Brasília", como sempre nos finais de semana do mês de agosto.


Alaise Beserra
alaise30@hotmail.com


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Projeto de país: nova grande concepção

"É preciso uma nova grande concepção, definir o que será esse quarto grande projeto de Brasil. É o que eu digo ao governo", disse o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, em entrevista ao Estado de S. Paulo. Ele, que está escrevendo o livro "A solidão do corredor de longa distancia" para dar um diagnostico do desenvolvimento no Brasil afirmou também que houve nos últimos 20 anos algumas mudanças importantes como a abertura da economia, metodos modernos de administração de empresas, mas que apesar disso não houve muita estratégia.


Propondo que não exista mais setores primários de baixo conteúdo tecnológico e lembrando inclusive que precisamos de um transporte público à base de trilhos (pois a base de ônibus é coisa brasileira e não é uma opção em nenhum outro país) o ex-ministro do Planejamento cobra do governo um plano e um plano grande que pense na felicidade das pessoas. Defende o humanismo e fala que a cultura transforma, porque o conhecimento cria oportunidades e aumenta a liberdade.


Disse também que em certos setores da economia como é o caso da Tecnologia da Informação um dos grandes problemas no Brasil é não ter grandes empresas! João Paulo dos Reis Velloso fez 80 anos semana passada. Foi fundador do Ipea (Instituto de Pesquisa Economica Aplicada) nunca quis se aliar aos partidos políticos mas se mantem como um militante de um "projeto de país". Sua militancia é por um humanismo renascentista: economico, social, político, ambiental, cultural e até espiritual. Tomara que sua influencia consiga mudar , pelo menos, os rumos do crédito do BNDES, é ou não é?


Alaise Beserra

alaise30@hotmail.com

quinta-feira, 14 de julho de 2011

É fácil reconhecer a imaturidade, diz padre Fidelis

Chegando essa semana do Mosteiro de Santa Cruz, tendo rezado como nunca em toda a vida e feito grandes reflexões, mesmo sem me tornar “católica”, volto mais certa (ou mais católica) de que é possível sim manter a paz e alcançar a plena realização pessoal. Fundado em Coimbra, Portugal, no ano 1131, por um grupo de doze sacerdotes, o Mosteiro dos Cônegos Regulares da Santa Cruz inspirou a construção de outros mosteiros. Seu legado está hoje presente em Guaratinguetá, São Paulo e Anápolis, Goiás. Permanece como um importante centro cultural e acadêmico para formação de jovens noviços.

Quando fui convidada, ou me convidei para conhecê-lo de perto entendi que o tema do retiro seria “Qual é a missão ou vocação da sua vida?”. Fiquei empolgada porque sabia que entre estudiosos de qualquer religião existe muita convicção de que cada um tem uma grande biografia a cumprir no mundo e isso me chama a atenção. Não era não. O tema foi “maturidade”. Fiquei realmente impressionada com o quanto as freiras e padres são atualizados e conscientes do que acontece no mundo, falaram até de cinema 3D e da Lady Gaga!

Para eles, maturidade é algo mais difícil de identificar, mas a imaturidade, ao contrário, pode ser facilmente percebida. Se você tem dificuldade de enfrentar as circunstancias da sua vida, se reclama muito, se não se compromete com nada, se não é feliz a maior parte do tempo isso é um sinal de que você não está “crescendo” para além da estatura. É claro que no fim das contas eles incentivam os jovens a serem “santos” e concluíram suas palestras dizendo que os santos são as pessoas mais maduras.

Interessante que eles falaram de santos da nossa época, como é o caso da Chiara Luce Badano, beatificada recentemente. Ela viveu apenas até os 18 anos de idade. Era uma menina comum que gostava de nadar, jogar tênis, tinha muitos amigos e frequentava bares da moda na Itália, onde morava. Aos 17 anos recebeu a notícia de que estava com um câncer raro e em seguida, que também já tinha dado metástase. Apesar do tratamento, pesado, ela continuava uma pessoa alegre e quando os médicos aconselharam a interrupção da quimioterapia (já que não era mais possível fazer nada do ponto de vista da medicina) ela aceitou a morte mais depressa que seus pais. Escreveu carta ao movimento Focolare dizendo que aceitava sua condição: " S' è non appena veus Gesù, così io quero" ! O documentário de Chiara Luce emocionou muitos adolescentes no mosteiro especialmente quando ela manda costurar um vestido especial para esperar o seu inevitável destino. Saio de lá com a impressão de que conheço muitos santos. Eles podem ser encontrados em qualquer esquina. E é bom aprender com eles.

Alaise Beserra

alaise30@hotmail.com

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pergunte ao seu orixá: amor só é bom se doer

Ontem, quando eu disse que estava indo para um mosteiro pensar na vida, me perguntaram se eu tenho interesse em religiões africanas, eu disse que não. Minha experiência com o voodoo foi horrível. Existe muito preconceito com as religiões africanas no Brasil, mais do que quaisquer outras, porque fala-se pouco sobre elas e com pouca pesquisa. A quimbanda, o xangô do nordeste, o candomblé, a encantaria e a umbanda por exemplo são diferentes entre si, mas todas me metem o mesmo medo. São religiões que te colocam em contato com as suas emoções mais perigosas. Eu tenho a minha profunda curiosidade, mas respeito o meu medo e tenho alguns amigos que se identificam e praticam alguns desses rituais.

Esse “afro-samba” - Amigo senhor, saravá, /Xangô me mandou lhe dizer /Se é canto de Ossanha, não vá/Que muito vai se arrepender /Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer/Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer/Vai, vai, vai, vai, amar /Vai, vai, vai, sofrer /Vai, vai, vai, vai, chorar /Vai, vai, vai, dizer –revela muito sobre a busca do sagrado nas religiões afro. E é isso que as religiões orientadas pelo objetivo do transe (quase todas) fazem, elas exploram os sentimentos. As igrejas católicas e evangélicas que se dizem “renovadas” tem influencia afro, especialmente afro americana. É mistura muito interessante.

Nos Estados Unidos, quando o protestantismo chegou ao país. negros americanos reunidos na rua Azusa em Los Angeles, EUA no inicio do século XX começaram a fugir da liturgia, batendo palmas, dançando, mostrando alegria e alcançando manifestações espirituais que logo justificaram como sendo um “batismo de fogo”, um pentecostes enfim. Isso tudo não foi aceito pelas igrejas históricas e quando essa divisão aconteceu, poucos anos depois a “Assembléia de Deus” chegou ao Brasil sendo aceita principalmente em regiões de periferia. Eu penso que essas coisas foram absolutamente importantes para a popularização do novo cristianismo, que ficou mais festivo e mais preocupado em “curar”, são religiões terapêuticas. Muita coisa mudou desde essas primeiras décadas do século XX, surgiu a musica gospel que acabou por influenciar o rock.

Eu disse a uma amiga que não queria ser “batizada pelo Espírito Santo”, acho perigoso. Quando eu vejo as pessoa s falando em Kundaline, as pessoas falando em ogum, as pessoas falando em “espírito santo” eu penso que estão falando da mesma coisa. Esse espírito santo buscado pela canção nova, pelo desejo de falar línguas estranhas é mexer com “fogo” . Essa é uma busca muito particular: perder o controle, se entregar. Algumas religiões monoteístas não são religiões que te incentivam a entrar em contato com a sua natureza, são religiões que te ensinam a entrar em contato com Deus e buscar a perfeição. É claro que existe a preocupação em “ascender” o corpo e a alma para qualquer religioso, mas para um religioso tradicional seja no oriente seja no ocidente o mais importante é o caminho do meio, é a constância. As religiões africanas ativam a amígdala, o córtex, através do tálamo. Isso, essa combinação de fatores pode fazer com que o seu nível de consciência se concentre a um só sentimento, isso é poderoso, e é por isso que eu digo sempre que é perigoso. Explorar as emoções ( o que simplesmente explorar o seu cérebro de forma selecionada) como uma fada, “uma emoção de cada vez” pode te levar a estados de consciência muito alterados com representação mais aguda da realidade e diversos padrões neurais. O que eu busco hoje é uma religião de equilíbrio, mas não sei se ela existe realmente.