quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Amigos de Marina incentivam democracia direta

A moda agora é parecida com o que acontecia na época da ditadura, as pessoas se reunem em pequenos grupos para planejarem o que vão fazer a respeito do que estão contra. E esse é um momento de muito mais possibilidades. Na última terça a noite reuniram-se, num espaço discreto em Brasília um grupo de pessoas (ligadas à Marina Silva) totalmente decepcionadas com o rumo da estrutura do poder no Brasil. Em geral a reclamação era sobre transparência nos partidos e liberdade de expressão dentro do congresso. Entre os cerca de 40 convidados, haviam deputados e senadores do PV, do PSB e do PDT. Muitos estão se desligando de suas legendas e aconselham aos que querem participar da política abraçarem a ideia de democracia direta. O Deputado Pedro Taques, que está em seu primeiro mandato, chegou a afirmar que um senador não faz nada no Congresso, porque é impedido de fazer. O papel de um senador deveria ser fiscalizar, propor e direcionar recursos, mas até agora ele não conseguiu fazer o que deveria porque a principal atividade do Congresso hoje é aprovar Medidas Provisórias. "Não está provado que o brasileiro tem DNA corrupto, não está provado que o brasileiro tem histórico corrupto, podemos observar inclusive que a Austrália teve em sua origem bandidos muito piores e é menos corrupta que o Brasil, o nosso problema é cultural: o brasileiro acha que coisa pública é coisa de ninguém", reclamou o senador que atuou 15 anos como procurador.

Passando rapidamente pela reunião o deputado Joe Vale, disse que "a política partidária bateu no teto, é preciso encontrar uma nova forma de fazer política". Esse era o tema central da discussão. O deputado Reguffe que chegou a dizer que não sabe se continuará na política e que não aguenta mais ficar colocando plaquinha para dizer que é honesto, disse também que coisas impressionantes como o problema do transporte público no Distrito Federal não são resolvidas por haver gente que paga para que as coisas continuem como estão. "Essa é a única cidade que o dono de empresa de ônibus vira dono de empresa de avião", lembrou indignado. "As pessoas nem querem mais democracia representativa elas querem democracia direta, política é algo nobre, mas os políticos apenas formam consenso, a política hoje não serve à sociedade", desabafou o deputado. O deputado Alfredo Sirkis (que não vai sair do Partido Verde) disse que foi contra a saída da Marina, mas sublinhou que está acontecendo uma tragédia no PV. "Um grupo restrito de pessoas controla o PV, então algumas pessoas começaram a se sentir ameaçadas. Quem queria participar foi alijado". Alfredo Sirkis contou que estava voltando de viagem da Alemanha onde os verdes estão com 27% do eleitorado.

Apesar do clima de desconforto com a própria atividade política o coro era "não podemos desistir". Quando a convidada de honra, Marina Silva, recém saída do PV, chegou a reunião ela fez questão de dizer que essa insatisfação é antiga e que desde que ela tinha 17 anos procurava uma "nova forma de fazer política", mas afirmou também que "Não podemos achar que somos puros o que a gente quer fazer não é realmente novo, mas podemos re-significar a política, nós temos um problema quando as pessoas se afastam da política com P maiúsculo. Eu estou aqui na borda, não estou no centro, estava na borda na época do Chico Mendes, estava na borda quando saí do PT, estava na borda quando fui para a campanha presidencial e estou na borda de novo agora que eu saí do PV. Vai chegar uma hora que os partidos vão existir para atender os movimentos sociais e não o contrário", afirmou Marina em meio a aplausos apaixonados.

Sei da importância da sociedade civil organizada para orientar a política no legislativo e no executivo, acredito nessa forma de fazer política, mas sei que não há ainda nada mais importante do que fiscalizar constantemente quem você votou. Sinto que em breve haverá um novo partido, aliás são muitos pedidos de registro de novos partidos no Tribunal Superior Eleitoral.A imprensa noticiou falsamente a saída do Gabeira do Partido Verde, o que não aconteceu. O Partido Verde declarou em nota que haverá convenção em março de 2012 seguida de nova campanha de filiações.

Alaise Beserra

alaise30@hotmail.com

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